INESC TEC auxilia controlo de pragas e doenças na agricultura
Chama-se “Fitopomo” o projeto-piloto liderado pelo INESC TEC cujo objetivo é ajudar a combater pragas e doenças na agricultura. Com o propósito de aumentar a produtividade agrícola, este piloto está atualmente implementado na localidade de Sobrena (região do Oeste) e conta com o apoio de produtores e técnicos para monitorizar o aparecimento de pragas e doenças.
01 dezembro 2014
Projeto-piloto cria alertas que auxiliam agricultores
Projeto-piloto ‘vigia’ plantações no Oeste
Com a crescente variação das temperaturas ambientais, o risco de pragas e doenças é uma ameaça constante para os produtores hortofrutícolas. Por isso, o que o “Fitopomo” faz é possibilitar a criação de alertas digitais e acesso eletrónico em tempo real a observações fitossanitárias (procedimentos praticados para combater organismos vivos). Instalado há seis meses na APAS – Associação de Produtores Agrícolas de Sobrena (instituição sem fins lucrativos que oferece assistência técnica a agricultores desta localidade do Oeste), o sistema pretende tornar-se numa ferramenta fundamental no controlo fitossanitário de pragas e doenças nos mais de 4 mil hectares de plantação de maçã e pera cobertos pela instituição.
A plataforma digital desenvolvida integra e sistematiza informação agronómica recolhida no campo pelos técnicos, com informação fitossanitária recolhida por sensores de forma automática, utilizando uma linguagem comum. Esta informação pode depois ser partilhada de forma mais fácil entre produtores e organizações envolvidas. Usando modelos de análise e previsão, o “Fitopomo” recolhe e trata informação sobre aspetos como o vento, humidade ou pluviosidade, não só para produtores individuais, mas também para regiões.
Maior qualidade do produto final
De acordo com César Toscano, investigador do Centro de Engenharia de Sistemas Empresariais (CESE) do INESC TEC responsável pelo projeto, “os resultados desta análise possibilitam a produção de alertas digitais enviados de forma automática e em tempo real para os produtores hortofrutícolas, que estarão assim preparados para responder mais eficazmente e no momento certo a eventuais ameaças de pragas e doenças.” Além disso, a plataforma ajuda ainda a garantir a segurança alimentar do produto final. E de acordo com o investigador, “o projeto veio estimular e facilitar a adoção de Tecnologias de Informação e Comunicação no suporte a transações B2B (business to business) entre empresas das cadeias alimentares, com especial destaque para as pequenas e médias empresas”, acrescenta.
Já para Alexandre Pacheco da APAS, “a automatização dos procedimentos de recolha e tratamento primário de dados permite uma redução drástica na imputação de mão-de-obra técnica a esta tarefa, o que tem duas consequências imediatas: a libertação dessa mão-de-obra para o acompanhamento das restantes operações culturais e para a recolha de dados de campo, e a intensificação da monitorização, através da instalação de uma malha de instrumentação mais apertada, que retrate melhor a diversidade microclimática da região Oeste”, explica.
Processo mais rápido e com menos custos associados
Antes da implementação deste projeto, toda a informação relevante estava a ser recolhida, mas demorava mais tempo a ser tratada e nem sempre era disponibilizada aos produtores em tempo útil. Com o “Fitopomo”, o registo, validação e disponibilização da informação são feitos em menos de metade do tempo e com cerca de metade dos custos associados. O processo de validação deste piloto abrangeu uma área de cerca de 30 hectares de pomar de ameixeira, pessegueiro e nectarina, 60 hectares de vinha e cerca de 100 hectares de pomar de pera Rocha. No próximo ano, com as ferramentas criadas neste piloto, prevê-se ampliar em cerca de 350% a área de influência.
Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do projeto europeu eFoodChain (Stimulating innovation in the food supply-chain through smart use of ICT: assisting SMEs participate in digital supply chains in the Single Market), concluído em julho de 2014, que contou com a participação do INESC TEC e cujo objetivo era promover o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na cadeia de abastecimento alimentar, permitindo às PME uma maior participação neste setor.
Maior interoperabilidade e fluxos de dados simples
No projeto europeu, o INESC TEC teve a seu cargo a atividade “Desenvolvimento do Quadro de Referência eFoodChain”, que constitui um conjunto de princípios e regras para a interoperabilidade entre processos e modelos de negócio, permitindo um fluxo de dados simples, sem papel, em transações, ao longo de cadeias de abastecimento nos setores dos frutos e vegetais frescos, cereais e laticínios.
Já no “Fitopomo”, o INESC TEC ficou responsável pela cocoordenação em conjunto com a INOVA+, entidade coordenadora do eFoodChain, e teve como beneficiários a Associação de Produtores Agrícolas da Sobrena (APAS) e o Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Português (COTHN), responsável pela transferência de conhecimento na fileira hortofrutícola. O projeto teve como principal parceiro tecnológico a empresa Freedom Grow, que se responsabilizou pelo desenvolvimento tecnológico da plataforma digital através da sua gama de produtos plugsense.
Os investigadores com ligação ao INESC TEC referidos nesta notícia têm vínculo às seguintes entidades parceiras: INESC Porto.
INESC TEC, novembro de 2014