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Artigo

INESC TEC desenvolve protótipo para monitorização oceânica

Projeto MarinEye pretende promover a gestão de sustentável dos recursos marinhos.

03 março 2016

O INESC TEC faz parte da equipa de investigação portuguesa que está a criar um sistema autónomo multitrófico que vai monitorizar de forma integrada os oceanos, permitindo assim uma gestão mais sustentável dos recursos marinhos e uma redução dos impactos de riscos ambientais. A monitorização integrada dos oceanos que os investigadores querem levar a cabo com o projeto MarinEye vai fornecer informações que permitem identificar alterações na biodiversidade.

anémonas costa portuguesa

MarinEye reúne INESC TEC, CIIMAR, IPMA e MARE - IP Leiria num projeto inovador

Até agora não era viável observar e interpretar os diferentes componentes oceânicos (físicos, químicos, bioquímicos e biológicos) ao mesmo tempo, conjuntamente com diferentes níveis tróficos, desde microrganismos a mamíferos marinhos. Com o MarinEye, através da utilização de tecnologia avançada, vai ser possível, de modo sincronizado em termos espaciais e temporais, analisar estas questões.

O projeto está a ser desenvolvido por vários grupos de investigação portugueses provenientes do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), líder do projeto, Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e Centro de Ciências do Mar e do Ambiente - Politécnico de Leiria (MARE - IP Leiria).

Os quatro parceiros nacionais que compõem a equipa do MarinEye têm diferentes papéis. O CIIMAR é o promotor do projeto e, juntamente com o IPMA e o MARE-Politécnico de Leiria, forma uma equipa de biólogos e químicos de diversas especialidades responsáveis pela validação das variáveis obtidas com os diferentes módulos do MarinEye. O INESC TEC inclui uma equipa de investigadores na área da robótica (Centro de Robótica e Sistemas Autónomos - CRAS), uma equipa especialista no desenvolvimento de sensores em fibra ótica (Centro de Fotónica Aplicada - CAP) e uma equipa de investigadores especialistas em análise de dados (Laboratório de Inteligência Artificial e Apoio à Decisão - LIAAD), que vão ser responsáveis pelo desenvolvimento das componentes de robótica, sensores óticos e software de visualização e integração de dados, respetivamente.

“A vida no planeta está dependente de processos oceânicos, uma vez que são eles que produzem grande parte do oxigénio disponível na Terra, regulam o clima e fornecem vários recursos vivos e não vivos, como alimentos, energia, transporte ou medicamentos. Assim, torna-se imperativo que tenhamos um conhecimento cada vez mais profundo dos nossos oceanos e saibamos como é que os organismos marinhos interagem com o meio e entre si, de modo a compreendermos como é que estes processos influenciam a estabilidade global dos oceanos”, explica Catarina Magalhães, investigadora do CIIMAR e coordenadora do projeto MarinEye.

sensoresdemonstrações

Sérgio Leandro, subdiretor da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar do MARE - IP Leiria, refere que que o MarinEye vai, sobretudo, "permitir dotar a comunidade científica de uma ferramenta extremamente útil para a monitorização da qualidade ambiental dos ecossistemas marinhos tendo por base a análise de diversos parâmetros em simultâneo, quer físico-químicos como biológicos. Assumir-se-á como sendo uma abordagem integrada e inovadora com elevado potencial de aplicação. O MarinEye é uma inovação tecnológica que permitirá aumentar o nosso conhecimento acerca do funcionamento dos ecossistemas marinhos, bem como as suas respostas a situações de forçamento ambiental resultantes das alterações climáticas.

Os vários módulos de MarinEye

O projeto, que vai terminar em abril de 2017, terá vários módulos.

O primeiro será um sistema de multisensores, que vai integrar diferentes sensores físico-químicos que vão medir, por exemplo, parâmetros como a temperatura, salinidade, oxigénio dissolvido, pH, entre outros, e uma plataforma de sensores óticos que vai ser validada para medição de dióxido de carbono dissolvido.

O segundo módulo trata-se de um sistema de filtração autónomo, desenhado para filtrar água, retendo e preservando no filtro o ADN de diferentes classes de tamanho das comunidades de microrganismos que habitam e representam a maior biomassa dos oceanos.    

O terceiro módulo diz respeito a um sistema de imagem de alta resolução, que vai recolher imagens de fito e zooplâncton, para avaliar a sua abundância e biodiversidade.

MarinEyeaquário

O último módulo trata-se de um sistema de acústica, com capacidade de fazer recolha de dados hidroacústicos, para recolher informação relativa à presença de mamíferos marinhos e estimativas de abundância de peixes.

Todos estes módulos vão depois ser conjugados num sistema integrado autónomo que vai produzir o protótipo MarinEye. Este sistema incluirá ainda uma plataforma de integração dos diferentes tipos de dados que vão ser gerados. Associado a esta plataforma vai também existir um software que permitirá visualizar e sumariar os dados, além de desenvolver uma série de modelos cujo objetivo é integrar e identificar inter-relações entre os diferentes parâmetros químicos, físicos e biológicos obtidos através dos diversos módulos do MarinEye.

“O tipo e a quantidade de informação que o MarinEye vai possibilitar aceder poderá ser uma base para a construção de um sistema de gestão dos recursos marinhos mais eficiente, assegurando assim a proteção deste meio para as gerações presentes e futuras”, mostra Eduardo Silva, coordenador do Centro de Robótica e Sistemas Autónomos do INESC TEC.

O projeto MarinEye (PT02_Aviso4_0017) é financiado pelo programa EEA Grants em cerca de 400 mil euros (http://www.eeagrants.gov.pt/).

A equipa do INESC TEC que faz parte do desenvolvimento do projeto é composta por Eduardo Silva (CRAS), Pedro Jorge (CAP), Alfredo Martins (CRAS), André Dias (CRAS), Nuno Dias (CRAS) e Luís Torgo (LIAAD).

Os investigadores com ligação ao INESC TEC mencionados no corpo da notícia têm vínculo à FCUP e ao ISEP.

INESC TEC, fevereiro de 2016