Projeto INESC TEC tenta decifrar causa de problemas motores
O Centro de Investigação em Engenharia Biomédica (C-BER) do INESC TEC está envolvido num projeto que pretende estudar as regiões do cérebro em que se desenvolvem as disfunções motoras. No âmbito deste projeto, que envolve o INESC TEC e a Universidade de Munique, o INESC TEC acolheu, durante o mês de março, uma médica e investigadora daquela universidade alemã, Verena Rozanski.
26 março 2015
Com este projeto, intitulado “Diffusion-based parcellation of the Globus Pallidus(GPi)”, os investigadores pretendem perceber quais as projeções de fibras nervosas entre o núcleo da base GPi do cérebro e diferentes áreas do córtex. A importância do estudo destas “autoestradas de informação do cérebro” com origem nos núcleos da base do cérebro é muito relevante pois estes são os alvos das técnicas de estimulação profunda do cérebro para terapêutica em doenças do movimento, como a doença de Parkinson. Em conjunto, a equipa está a levar a cabo estudos de Neuroimagiologia por ressonância magnética, com especial enfoque neste tipo de disfunções. Mais concretamente, pretende-se fazer o parcelamento de uma região do cérebro onde são implantados elétrodos de estímulos e poder vir a optimizar a localização destes por forma a obter melhores resultados clínicos.
“Estamos atualmente a trabalhar com dados de ressonâncias magnéticas para que possamos parcelar essa região (do GPi). Esta divisão é não só anatómica, mas também feita com base na ligação que essa região do cérebro tem com as restantes regiões”, explica a investigadora alemã.
Quando questionada sobre os benefícios desta parceria com o INESC TEC, Verena Rozanski afirma que a grande mais-valia é a interdisciplinaridade das equipas. “Eu por exemplo tenho um percurso mais ligado à medicina, enquanto vocês aqui trabalham mais com a engenharia e ciências computacionais. Ao unirmos esforços estamos a construir uma cooperação sólida, e com certeza será muito gratificante para os médicos verem a aplicação dos nossos resultados”, acrescenta.
No âmbito do projeto estão ainda a decorrer outros intercâmbios com a Alemanha. “Esperamos que esta não seja a última vez que colaboramos. Temos mais ideias, por isso é uma questão de encontrarmos financiamento”, remata Verena Rozanski.
Esta colaboração teve já alguns importantes sucessos de que se destaca o artigo “Connectivity patterns of pallidal DBS electrodes in focal dystonia: A diffusion tensor tractography study”, publicado na revista Neuroimage em 2014.
Do lado do INESC TEC, o projeto é liderado por João Paulo Cunha, coordenador do C-BER e do grupo BRAIN. A equipa portuguesa conta ainda com os investigadores Sérgio Tafula e Nádia Silva.
Os investigadores com ligação ao INESC TEC referidos nesta notícia têm vínculo à seguinte entidade parceira: FEUP.