Projeto testa protótipo para exploração subaquática
Uma equipa de investigadores do Centro de Robótica e Sistemas Autónomos (CRAS) do INESC TEC esteve em Lee Moor (Devon, Reino Unido) a testar o protótipo criado no âmbito do projeto europeu ¡VAMOS! (Viable Alternative Mine Operating).
12 dezembro 2017
O protótipo para exploração subaquática de minas terrestres, que tem vindo a ser desenvolvido desde 2015, foi testado pela primeira vez com sucesso. O teste foi feito no Reino Unido, durante o mês de outubro, com a ajuda dos parceiros que têm estado a trabalhar nos vários componentes do projeto, ou seja, INESC TEC (Portugal), SMD Ltd (Reino Unido), Damen Dredging Equipment (Holanda).
Este foi o primeiro teste do sistema integrado em ambiente real realizado em Lee Moor (Devon, Reino Unido), tendo sido validados quer os diversos componentes do sistema quer a sua operação integrada. Para além dos testes de caráter técnico foram também recolhidos dados relevantes para a avaliação da produtividade do sistema.
No decurso dos testes de campo foram realizadas múltiplas operações de lançamento e recuperação do veículo robótico de mineração, a partir da plataforma de apoio na superfície, bem como mineração no local e operação do veículo submarino autónomo de suporte.
Neste projeto o INESC TEC é responsável pelo desenvolvimento de todo o sistema de posicionamento, navegação e perceção dos múltiplos sistemas robóticos, bem como pelo desenvolvimento de um veículo submarino autónomo inovador para suporte à atividade de mineração (EVA – Exploration VAMOS AUV).
Os testes incluíram também o controlo integrado a partir do centro de controlo remoto em terra bem como o sistema de realidade virtual, onde toda a maquinaria é controlada e onde todos os dados são recolhidos em tempo real.
“Estamos muito satisfeitos com os resultados positivos desta primeira fase de testes”, referiu Eduardo Silva, coordenador do CRAS. O coordenador técnico do projeto, Stef Kapusniak, que esteve em Portugal a propósito da conferência “Strongmar – Um Mar de Tecnologia”, que decorreu na biblioteca Almeida Garrett no dia 16 de novembro, destacou o facto de terem conseguido superar os problemas civis e terem tido um bom acesso ao poço em Lee Moor durante os testes.
Outros pontos a destacar pelo coordenador técnico do iVAMOS! são o aumento da capacidade de diferenciação dos minerais, o processamento de dados quase em tempo real, o fornecimento de boas imagens aos pilotos ou o bom funcionamento dos sistemas de controlo integrado.
O protótipo está agora a ser desmobilizado no Reino Unido e preparado para ser transportado para a Bósnia e Herzegovina, local onde vai ser realizado o segundo teste, em 2018.
O equipamento que está a ser desenvolvido para extrair matéria-prima de minas na Europa é mais seguro e menos poluente, na medida em que não recorre a explosões nem contamina a água.
De acordo com Eduardo Silva, o novo método que está a ser desenvolvido no iVAMOS! “traz vantagens ambientais muito grandes porque deixamos de ter explosões e perturbações nas redondezas das minas, não precisamos camiões para transformar o minério para a superfície e evitamos a contaminação do nível freático”.
O protótipo em desenvolvimento é uma máquina de mineração de supervisão remota, composta por uma ferramenta que vai partindo a rocha que, por sua vez, é aspirada até à superfície, onde está um sistema que dá apoio à mineração. De acordo com o coordenador, nos processos tradicionais de mineração retira-se a água da mina para se proceder à extração dos minérios, o que acarreta um problema ambiente grave, mas que pode ser resolvido com recurso a um equipamento como o que está a ser desenvolvido no âmbito do iVAMOS!, que não obriga à retirada da água.
Durante vários anos, a Europa deixou de se preocupar com a extração de matérias-primas básicas, o que conduziu a que 96% das matérias-primas sejam importadas. Desde há alguns anos, os países europeus decidiram voltar a analisar a hipótese de aumentar o investimento em extração, visto que existem na Europa aproximadamente 30 mil minas abandonas, das quais cerca de duas mil são a céu aberto.
O investigador do INESC TEC referiu que os resultados alcançados nesta fase do projeto dão garantias de que esta nova forma de minerar vai contribuir para a recuperação da indústria mineira europeia. "Numa primeira fase, permitindo considerar voltar à atividade numa parte substancial de minas abandonadas nos últimos anos e, numa segunda fase, contribuindo com tecnologia para a mineração do mar profundo", disse o coordenador do CRAS.
O projeto iVAMOS! tem um investimento total de 12,6 milhões de euros, 9,2 dos quais financiados pela Comissão Europeia, no âmbito do programa de financiamento H2020. O iVAMOS! conta com parceiros de Portugal, Reino Unido, Bélgica, Espanha, Holanda, Bósnia e Herzegovina, Áustria, Eslovénia e Alemanha.
Para mais informações: http://vamos-project.eu/.
O investigador com ligação ao INESC TEC mencionado no corpo da notícia tem vínculo ao INESC TEC e ao IPP-ISEP.