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Aquacultura em Portugal quer atingir as 40 mil toneladas até 2020 - 4x mais do que em 2014

22 junho 2015

Em 2014 este setor teve uma produção nacional de cerca de 12 mil toneladas, mas a maioria das explorações de aquacultura nacionais ainda se caraterizam por serem de pequena dimensão, semi-intensivas, com produtividades e rentabilidades relativamente baixas. O objetivo é contrariar esta tendência, principalmente tendo em conta o seu potencial, mas os desafios são vários.

“É necessário continuar a criar confiança e promover a articulação entre os vários parceiros que estão direta e indiretamente ligados à aquacultura de forma a aumentarmos a produtividade e a competitividade de toda a cadeia de produção de valor”, afirma Carlos Pinho, investigador e responsável pela área de Aquacultura do INESC TEC (INESC Tecnologia e Ciência).

A visão europeia para o “Desenvolvimento Sustentável da Aquacultura” assenta num melhor ordenamento do espaço com a identificação de zonas com potencial para a aquacultura, na simplificação administrativa para atribuição de novos licenciamentos, na promoção da competitividade através do fomento de metodologias inovadoras ambientalmente sustentáveis, tendo em conta o bem-estar e a saúde animal e a perspetiva do consumidor.

Estes desafios, além de alicerçados numa relação com o sistema científico e tecnológico nacional, devem ser acompanhados de formação profissional que leve ao desenvolvimento de novas competências, que sejam o suporte de novos equipamentos e metodologias de produção.

A este propósito Luísa Valente, investigadora do CIIMAR/ICBAS-UP, refere: “Torna-se assim fundamental desmistificar um pouco a realidade portuguesa com testemunhos de players nas várias áreas, criar confiança e fortalecer laços entre os empresários do setor e as entidades de I&D nacionais, fazendo-os olhar para o setor e para os seus desafios, ajudando-os a resolver os problemas e a aumentar a competitividade das empresas”.

As estatísticas reveladas pela FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations) preveem que, por exemplo, o consumo mundial de pescado proveniente de aquacultura continue a crescer 7% ao ano, de forma sustentável. Esta é uma das vantagens da aquacultura, a capacidade de gerir alguns dos riscos e de prever o crescimento sustentável. Se, por um lado, a nível mundial a aquacultura já contribui com metade do pescado consumido per capita, na Europa contribui com cerca de 25% e em Portugal, a aquacultura nacional contribui apenas com pouco mais de 1,5%, embora o consumo de produtos aquícolas ronde os 8% (cerca de 6,5% são importações de salmão, dourada, robalo e peixe gato).

“No caso português, o setor da aquacultura tem um enorme potencial para crescer muito graças às condições naturais que o nosso país apresenta, nomeadamente: a qualidade da água, as zonas de produção em estuários, rias, rios e a costa sul do continente e ilhas que oferecem as condições ideais para a produção de espécies autóctones e de elevado valor comercial, a proximidade aos mercados locais e europeus que permite garantir a qualidade e frescura dos nossos produtos, entre muitas outras vantagens. Importa pois perceber como poderemos aproveitar todo este potencial e crescer como setor, integrando todos os processos da cadeia produtiva desde a semente/alevim até ao prato do consumidor”, refere Fernando Gonçalves, Secretário-geral da Associação Portuguesa de Aquacultores (APA).

É com o objetivo de juntar todas as entidades que operam neste setor que esta quinta-feira, dia 25 de junho, o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) recebe no seu Salão Nobre o Workshop “Aquacultura em Portugal – Desafios e Oportunidades”, que vai contar com a presença do Secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu.

A organização está a cargo do CIIMAR e do INESC TEC, que começarão por fazer um enquadramento estratégico da aquacultura nas instituições de I&D. Logo depois o Secretário-geral da Associação Portuguesa de Aquacultores (APA), Fernando Gonçalves, falará do setor aquícola nacional e seu potencial.

Ao longo do dia serão abordadas quatro temáticas diferentes, são elas: a produção de ostras, a nutrição e produção de peixe, as tecnologias de suporte à monitorização e produção aquícola e o processamento e transformação. As oportunidades e o financiamento disponíveis neste setor serão também debatidas no workshop.

A participação no workshop “Aquacultura em Portugal – Desafios e Oportunidades” é gratuita, mas sujeita a inscrição e pode ser feita através do seguinte endereço:  http://aquacultura2015.inesctec.pt/inscricoes


Porto, 22 de junho de 2015

Joana Desport Coelho

Serviço de Comunicação

joana.d.coelho@inesctec.pt

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