Investigadores Portugueses desenvolvem tecnologia para exploração autónoma das profundezas do oceano
20 outubro 2021
A tecnologia, desenvolvida no âmbito do projeto GROW, vai permitir a flexibilidade das operações subaquáticas e reduzir significativamente os custos e o atraso no acesso aos dados recolhidos debaixo de água, estabelecendo um novo paradigma de comunicação para apoiar a exploração do fundo do mar.
O maior conhecimento sobre o fundo do mar implica o desenvolvimento de novas tecnologias, nomeadamente nos domínios das comunicações subaquáticas e da robótica submarina. Por outro lado, a utilização de Veículos Subaquáticos Autónomos (AUVs) é cada vez mais o meio frequente ou preferencial para realizar missões neste ambiente. Foi nesse sentido que os investigadores portugueses pensaram o projeto GROW. A solução desenvolvida combina tecnologias sem fios de curto alcance, AUVs que percorrem a coluna de água e funcionam como transportadores de dados, e comunicações acústicas, que permitem o controlo da transmissão dos dados em tempo real. Com esta solução torna-se possível o estabelecimento de uma ligação sem fios entre a superfície de água e o fundo do mar, com maiores taxas de transmissão de dados e menor latência do que as obtidas quando se usam as atuais rotinas de procedimento. A solução desenvolvida foi testada em ambiente real, a 20 metros de profundidade, durante a campanha de mar que decorreu na baía de Sesimbra a bordo do navio de investigação NI Diplodus. Os testes permitiram comprovar as vantagens da solução desenvolvida face às atualmente disponíveis, e identificar os novos desenvolvimentos necessários para aproximar a tecnologia da sua comercialização.
Rui Campos, coordenador da área de redes sem fios do INESC TEC, e responsável pelo projeto, afirma que esta tecnologia “tem potencial para ser utilizada em diversos cenários subaquáticos, incluindo monitorização ambiental, vigilância subaquática e inspeção de infraestruturas subaquáticas.”
O projeto GROW, que teve início em outubro de 2018 e conclusão em setembro 2021, é financiado em 240 mil euros pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e reúne uma equipa multidisciplinar com investigadores do INESC TEC na área das redes sem fios e robótica e do IPMA na área da investigação oceanográfica e da geologia marinha.