Novas formas de intervenção no combate à depressão na cidade do Porto
14 outubro 2015
“Cuidar mais. Vamos vencer a depressão” é o nome da campanha pública do Stop Depression, que até outubro de 2016 vai ser implementada no terreno com o propósito de melhorar a vida de, pelo menos, meio milhar de portuenses. Largamente inspirado no modelo Britânico, este projeto assenta em 3 pontos essenciais: detetar mais precocemente novas situações de depressão ou de risco de suicídio; tratar as situações consoante a sua gravidade; e finalmente, apoiar os tratamentos com tecnologias de informação, tais como a Internet e smartphones.
Rastreio, avaliação e encaminhamento para profissionais qualificados - são estes os passos que vão permitir que haja uma intervenção mais precoce. Aquando da entrevista com os profissionais vai ser possível enquadrar as situações de depressão consoante a sua gravidade e encaminhá-las para tratamentos adequados. Nos casos mais graves, o tratamento passa por fármacos e psicoterapia, mas nos restantes existirão outro tipo de soluções, tais como a terapia assistida por computador, grupos de psicoeducação ou acompanhamento a partir de manuais de autoajuda.
“Nestes tratamentos com menores gastos de recursos e sem medicação, a pessoa é acompanhada por um profissional devidamente treinado, mas onde também se faz apelo aos recursos e capacidades do paciente para conseguir ultrapassar a depressão. Por exemplo, no tratamento assistido por computador, o utente terá à sua disposição uma série de atividades que podem ajudar a pessoa a voltar ao seu estado de humor normal. O mesmo se passa nos grupos de psicoeducação ou na terapia apoiada por livros de autoajuda. Além disso, estes recursos tecnológicos também irão ajudar a avaliar de modo mais sistemático a evolução da situação clínica” explica João Salgado, psicólogo e responsável pelo Stop Depression
O Porto foi escolhido para implementação do projeto por ter uma população urbana envelhecida, muito afetada pela crise e com níveis de desemprego elevado. De acordo com o responsável, antes da crise 8% da população nacional tinha depressão e dos que tinham depressões ligeiras, 81% não estavam a ser tratados, pelo que o panorama de saúde mental tem vindo a sofrer um agravamento.
Conferência Internacional “Cuidar + da Depressão: Inovação e Desafios nos Cuidados de Saúde Primários” realiza-se no ISMAI, na próxima quarta-feira, dia 14 de outubro, a partir das 10h30, no Auditório da instituição.
No âmbito do projeto Stop Depression vão ser debatidas e dadas a conhecer formas inovadoras de intervenção no tratamento da depressão nos cuidados de saúde primários em Portugal e no estrangeiro através desta conferência.
O evento pretende destacar o papel do programa EEA Grants para a promoção de saúde mental em Portugal e promover um diálogo sobre os desafios que enfrentam os profissionais de saúde perante um cenário que se revela preocupante em termos sociais e económicos.
Durante a conferência será possível conhecer projetos em desenvolvimento em Portugal e no estrangeiro que procuram introduzir novas perspetivas de olhar o problema e serão reveladas formas de intervenção com recurso a meios tecnológicos – como as intervenções assistidas por computador ou por smartphone – e debatido o seu papel no combate à depressão.
“É urgente investigar, debater e intervir de forma mais eficaz no tratamento da depressão. Queremos contribuir para uma maior capacidade de resposta dos cuidados de saúde primários a situações de depressão”, revela João Salgado.
Com o objetivo melhorar e expandir o tratamento de depressão e a prevenção do suicídio, o Stop Depression é financiado pelo Mecanismo EEA Grants, no âmbito das Iniciativas em Saúde Pública, cujo Operador de Programa é a Administração Central do Sistema de Saúde, I.P. (ACSS), e tem como instituição promotora o Instituto Universitário da Maia (ISMAI) e como parceiros a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS), o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), a SKA e a Arkimedes (Noruega).
Porto, 12 de outubro de 2015
Joana Desport Coelho
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