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Portugal integra parceria público-privada europeia para acelerar o desenvolvimento e produção de vacinas

20 setembro 2021

A vacinação é uma das principais intervenções em termos de saúde pública, com um grande impacto ao longo da história; estima-se que, anualmente, contribua para salvar a vida de 2,5 milhões de pessoas, ao mesmo tempo que previne doenças e incapacidades. No entanto, os processos de investigação e de desenvolvimento de vacinas são demorados, com elevados custos associados: em média, introduzir uma nova vacina no mercado demora 10 anos, com um custo associado de 800 milhões de euros. Os avanços em termos de tecnologia e ciência de dados são fundamentais para explorar novas soluções no desenvolvimento de vacinas, conforme demonstrado pelo rápido desenvolvimento das vacinas contra a COVID-19.

O Inno4vac é um novo projeto multidisciplinar, financiado pela Iniciativa de Medicamentos Inovadores (IMI2), que visa promover a inovação em saúde, através do progresso científico e tecnológico - desde o setor académico, passando pela biotecnologia, e até à indústria. Assim, o grande objetivo da Inno4vac passa pelo desenvolvimento de modelos biológicos e matemáticos preditivos, para avaliar o desempenho da vacina e, assim, acelerar o desenvolvimento de novas vacinas.

“É a primeira vez que Portugal participa num projeto desta iniciativa. Vamos ter a oportunidade de trabalhar com investigadores e académicos da área da biotecnologia e com a indústria, nomeadamente grandes farmacêuticas produtoras de vacinas como a GSK, Sanofi Pasteur ou CureVac, na aplicação de novas tecnologias que podem desenvolver novas vacinas mais rapidamente e introduzi-las no mercado com um custo muito menor”, afirma Artur Rocha, investigador do INESC TEC.

O Inno4vac irá abordar quatro grandes áreas, de forma integrada:

(1) inteligência artificial, utilizada em termos de resposta da vacina in silico e previsão da sua eficácia;

(2) desenvolvimento de uma plataforma computacional modular, para a modelagem in silico de biofabricação de vacinas e testes de estabilidade;

(3) introdução de novos e inovadores modelos de infeção humana controlada (gripe, vírus sincicial respiratório e Clostridium difficile), permitindo a avaliação da eficácia da vacina, e

(4) desenvolvimento de novos modelos 3D humanos in vitro, baseados em células, para previsão da proteção imunológica em segurança.

 

“O papel das instituições portuguesas será o de apresentar modelos matemáticos para testes e avaliação de vacinas, responsabilidade que está do lado da NOVA School of Science and Technology | FCT NOVA. Já o INESC TEC irá implementar uma plataforma in silico, ou seja, uma plataforma de simulação para criar e testar vacinas. Vamos transpor o conhecimento da imunogenética, desde a identificação dos antígenos e das proteínas que estes podem conter que podem inibir a atuação do vírus/infeção, para uma plataforma”, refere Gabriela Gomes, investigadora da FCT NOVA.  

Esta parceria é coordenada pela European Vaccine Initiative (Alemanha), com o apoio da Sclavo Vaccines Association (Itália) para a coordenação científica. Engloba 41 parceiros de 11 países europeus, incluindo 37 instituições académicas e PME, bem como a GSK, Sanofi Pasteur, CureVac e Takeda como parceiros da indústria.

Este projeto é financiado pela IMI2 Joint Undertaking, através do acordo n.º 115890. Esta iniciativa é apoiada pelo programa-quadro de investigação e inovação da UE, Horizonte 2020, e pela EFPIA. O projeto arranca em setembro de 2021 e tem duração prevista até fevereiro de 2027.