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Robôs não tripulados capazes de patrulhar fronteiras têm assinatura portuguesa

26 junho 2018

Atualmente, as aplicações que existem para este fim envolvem apenas uma aeronave isolada e com sensores que não são processados a bordo. Ao contrário, o SUNNY prevê o processamento de informação, a utilização de múltiplas aeronaves em conjunto no patrulhamento, um sistema de deteção, identificação e classificação automático, comunicações redundantes, ar-ar, ar-terra, um centro de comando e controlo único e aeronaves com voo autónomo com capacidade de integrar a perceção no loop de controlo. Quer isto tudo dizer que o SUNNY é capaz de alterar o comportamento sensorial, de processamento ou trajetória das aeronaves, de forma automática, sem intervenção humana e em função do fenómeno que está a ser observado.

Das 16 entidades internacionais que participaram neste projeto, que agora chega ao fim, três são portuguesas – Ministério da Defesa Nacional (CINAV e FAP) e Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC).

O sistema foi todo demonstrado em ambiente real com sucesso e os sensores e robôs desenvolvidos no âmbito do projeto estão já a ser comercializados pelos respetivos parceiros do projeto. No entanto, existem ainda uma série de constrangimentos à utilização de aeronaves não tripuladas na legislação de voo, o que faz com que ainda não seja possível utilizar um sistema tão complexo como o do SUNNY sem qualquer tipo de restrições.

“O sistema integrado do SUNNY ainda não é possível ser usado sem restrições, e aqui friso o ainda. Porém, os componentes de forma isolada já estão a ser comercializados. Dou o exemplo do sistema de imagem hiperspectral que foi produzido, que está a ser comercializado por uma empresa finlandesa ou o sistema de radar que está a cargo de uma empresa holandesa. No caso dos robôs, ou seja, as aeronaves, estão a ser comercializadas por uma empresa grega e há uma delas que pertence à Força Aérea Portuguesa”, explica Hugo Silva, investigador sénior do Centro de Robótica e Sistemas Autónomos (CRAS) do INESC TEC.

No caso do INESC TEC, que tem estado a desenvolver tecnologias, tais como processamento sensorial de informação a bordo, comunicação e troca de informação descentralizada entre aeronaves, entre outras, o objetivo passa por integrar estas soluções em ambiente industrial e empresarial nos meios da defesa e segurança, mas também em aplicações de âmbito civil, como sistemas para busca e salvamento e sistemas de monitorização ambiental.

No que diz respeito ao impacto que o SUNNY vai ter na vida dos cidadãos portugueses, Hugo Silva responde “projetos como o SUNNY não podem ser vistos com foco nos impactos no curto prazo, mas sim no longo prazo. O sistema que desenvolvemos é demasiado complexo do ponto de vista operacional para uma utilização imediata e, por isso, existe um caminho a percorrer em algumas das vertentes para que o sistema, como um todo, possa ser utilizado. No entanto, grande parte do trabalho desenvolvido já está a funcionar em ambiente o operacional e o que não está vai passar a estar brevemente”.

Pensando no caso português, a tecnologia desenvolvida pode ser aplicada para resolver outros problemas reais, como por exemplo os incêndios em Portugal, onde a utilização de drones para aplicações ambientais já está a ser estudada. É esse tipo de projetos que os investigadores do INESC TEC estão agora a tentar desenvolver.

Com um custo total de 13,9 milhões de euros, o SUNNY foi financiado em 9,5 milhões de euros pela Comissão Europeia, no âmbito do programa de investigação e desenvolvimento FP7.

Coordenado pela BMT Group (Reino Unido), para além dos três parceiros portugueses já referidos, o projeto SUNNY contou com a participação dos holandeses da MetaSensing, dos belgas da XENICS, da TECNALIA e da TTI Norte (Espanha), dos gregos da Technical University of Crete, do KEMEA, do  National center for scientific research “Demokritos” e Altus LSA Commercial and Manufacturing, da SPECIM (Finlândia), , Vitrociset, Consorzio Nazionale Interuniversitario per le telecomunicazioni e Leonardo – societa per azioni, e da Marlo (Noruega).

Para mais informações:

Joana Coelho

Serviço de Comunicação                                                                                                                                     

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